quarta-feira, 27 de outubro de 2010

EXPERIÊNCIA DE VIDA: "vidas que cantam e encatam"

Elaine Erika Oliveira
É com enorme satisfação que irei compartilhar um pouco da minha trajetória de vida com os senhores leitores. Falar de si mesmo não é uma tarefa fácil principalmente quando se trata de publicar tal “autobiografia”, mas vou tentar colaborar da melhor maneira possível. Eu me chamo Elaine Erika de Oliveira sou filha de Maria Santos de Oliveira e Manoel Batista de Oliveira, nasci no dia primeiro de janeiro de 1990 e atualmente resido em Santarém e estou no primeiro ano do curso de enfermagem da universidade estadual do Pará.
Ao fazer um retrospecto de tudo aquilo que aconteceu na minha vida sinto-me um tanto realizada e satisfeita, pois apesar da pouca idade sei reconhecer e valorizar todas as minhas conquistas. Desde muito cedo tive que lidar com o fato de ser criada sem a presença de meu pai que veio a falecer quando eu tinha apenas oito anos, felizmente pude contar com apoio de minha mãe e irmãos que me ensinaram a importância da família no processo de construção de minha identidade. Como toda história de vida, a minha tem lá o seu lado dramático já que aos três anos de idade tive a felicidade de ser adotada por uma linda família.  Minha mãe e quando digo mãe estou me referindo apenas a minha mãe biológica, foi vítima de um trágico acidente que resultou em sua morte e foi aí que Deus colocou em meu caminho uma família que além de me fornecer os melhores e valores que um filho(a) precisa para conquistar seus objetivos.
Elaine com sua Mãe Maria Oliveira                            
Elaine com a Profª Olinda
Tudo que recebi foi muito amor para agarrar as oportunidades de ir além das expectativas de uma criança que poderia ser mais uma entre tantas outras vítimas do abandono e da miséria. Mas não estou aqui, para sensibilizar ou despejar lamentações, afinal esta é uma história de superação sobre como alguém que tem a vida modificada e consegue alcançar objetivos reais e que talvez não fosse o incentivo familiar e a vontade de vencer na vida eu não estivesse aqui para contá-la. Sinceramente falando o destino foi muito generoso comigo, aliás, eu não posso creditar tantas conquistas a algo que eu nem sei se realmente existe, e se tiver que responsabilizar alguém eu não poderia deixar de mencionar Deus como o principal agente transformador. Aos 15 anos, minha família proporcionou uma linda festa movida a lágrimas de felicidades e muita emoção. Pois bem, ao iniciar a vida escolar fui presenteada com uma bolsa de estudos integral em uma escola particular bolsa esta que perdurou durante praticamente todo o ensino básico, inclusive aproveito o espaço para agradecer à professora Olinda a oportunidade que me foi concedida e que foi fundamental para que eu pudesse ingressar na faculdade.
Ao concluir o ensino médio as dificuldades financeiras se colocaram como uma barreira impedindo o acesso imediato ao ensino superior, mas neste dado momento a vida me proporcionou o prazer de estar ensinando e aprendendo com crianças o valor do conhecimento e foi a partir daí que eu me tornei aquela figura que a gente nunca esquece a tal “professora” que sempre estará presente nas nossas memórias mais longínquas mesmo que seja apenas uma simples lembrança. O tempo começou a passar e logo batia a minha porta o desejo de ir além, de buscar novos rumos, para isso eu precisava batalhar e provar não apenas aos outros, mas a mim mesma de que eu era capaz de conseguir alcançar objetivos que por diversas vezes foram planejados e que necessitavam somente de um combustível a mais. Surge então a oportunidade de morar em Santarém graças à iniciativa de minha irmã Terezinha e naturalmente o apoio de minha mãe, familiares e amigos. No começo tudo era muito excitante, a perspectiva de ir “embora” causava uma falsa sensação de liberdade que por vezes me fez imaginar o quão mudaria minha vida a partir daquele momento. Realmente era uma nova fase.
Ao chegar a Santarém fui tomada por um sentimento de vazio que costuma receber outro nome e qual não foi a minha surpresa eu percebi que aquilo já era saudade, saudade de tudo, de todos, dos momentos bons, ruins, enfim cada dia que passava era como se um pouco do meu coração estivesse sendo destruído e eu pude perceber o quanto a ausência da minha mãe me fazia sofrer, mas nem tudo era tristeza, morar com Mariana, Raimison, e Carlos Gustavo.. Inicialmente estudei no curso pré- vestibular durante seis meses e no fim obtive êxito ao ser aprovada no vestibular da UEPA em segundo lugar no curso de enfermagem, não sei sinceramente se ser enfermeira é o meu futuro, mas posso afirmar que a experiência é maravilhosa, o poder do cuidado é algo que instiga e nos convida a continuar. Sei que um dia irei ler esse texto e mais uma vez lembrar-me de tudo e talvez lágrimas possam rolar, mas posso garantir que a oportunidade de escrever esse texto servirá como um reconhecimento, principalmente para filhos adotivos que não reconhecem o amor de pais que trazem para o aconchego de um lar dando amor e carinho. Meus sinceros agradecimentos e votos de sucesso a todas as pessoas envolvidas na elaboração deste projeto.

Nenhum comentário: